Bruno Almeida é um jovem natural da freguesia de Nossa Senhora do Rosário, na cidade de
Lagoa e encontra-se a desempenhar as funções de treinador do Clube Operário Desportivo. Foi jogador de futsal a nível
nacional (Clube Operário Desportivo e Sport Lagoa Benfica) e recebeu o convite a meio da presente época do presidente
Gilberto Branquinho face saída do treinador José Feijão, para orientar a equipa
na recta final do campeonato da 2ª Divisão Nacional - Série B.
José
Araújo - Que balanço faz do Campeonato realizado pela sua equipa na época que
terminou?
Bruno Almeida – Atendendo às circunstâncias e com o
objectivo inicial de subida de divisão, poderei dizer que foi uma época que
ficou aquém das expetativas embora a equipa tivesse melhorado bastante na segunda
volta, mas já com uma desvantagem enorme para os primeiros classificados,
embora ainda a fazer sonhar com a subida.
J.A.
– Desde que assumiu a orientação da equipa do Operário nesta recta final do
campeonato. Teve um trabalho difícil para moralizar o balneário e levar os
lagoenses a uma posição tranquila na tabela classificativa. Faça-me um balanço
deste período.
B. A. – Poderei dizer que o trabalho feito foi
sobretudo a nível mental, pois sabia que o plantel tinha qualidade e isso ficou
demonstrado na segunda volta onde chegamos a ser a equipa com mais pontos
conquistados na 2ª volta. Tivemos apenas que moralizar e valorizar os jogadores
que estavam no plantel e fazer acreditar nas suas potencialidades.
J.A.
- O que pensa da transição das equipas dos Açores da Série continental para a “futura”
Série Açores de futsal da 2ª divisão? Será benéfico para as equipas Açorianas?
B. A. – Nessa questão tenho uma opinião muito
pessoal sobre isso, penso que o facto de haver uma segunda divisão Série Açores
será prejudicial para as equipas açorianas, pois quer queiramos quer não, o
futsal açoriano ainda está um pouco longe do nível do futsal praticado no
Continente. E quando falo do futsal açoriano, não falo só nos jogadores e
treinadores, mas principalmente nas estruturas dos clubes pois ainda se trabalha
na sombra do futebol em alguns clubes que se calhar trabalhando de uma forma
mais séria, a estrutura do futsal poderiam almejar outros resultados. Com esse
modelo de prova penso que será muito mais difícil uma equipa açoriana atingir a
1ª divisão pois irá encontrar equipas muito mais competitivas na fase de
apuramento de subida de divisão.
J.A. – O Bruno tem sido no Operário o elo de
ligação entre o futsal micaelense e os treinadores que cá chegam para treinar.
Como tem sido esta sua experiência como a adjunto de treinadores bem
conceituados no futsal nacional?
B. A. – Tem sido uma experiência muito boa, aliás
tudo o que tenho aprendido (e diga-se a verdade, ainda é muito pouco) tem sido
com eles, mais com uns do que com outros, mas acima de tudo acaba-se por
aprender mais alguma coisa com todos e isso deve ser sobretudo uma mais valia.
É que um treinador que pensa que sabe tudo e já não tem nada a aprender está
enganado porque na vida estamos constantemente num processo de aprendizagem.
J.A.
– O que pensa do jogador de futsal micaelense? Acha que já há maturidade
desportiva para estar num patamar mais exigente de treinos e jogos?
B. A. – Quem me conhece sabe que sou um defensor
acérrimo do jogador açoriano, desde que este tenha também as mesmas condições
do jogador continental ou brasileiro. Já existem muitos jogadores açorianos com
muita maturidade no futsal. Apenas há que dar oportunidade a estes jogadores para
demonstrarem as suas valias e fazê-los crer nas suas potencialidades sendo que
prevejo uma aposta cada vez maior no jogador açoriano e vejo por ai muitos
jovens com bastante talento técnico-tatico sendo que será apenas preciso
trabalhar o aspecto psicológico e dar-lhes a mesma oportunidade de vingarem no
futsal açoriano.
J.A.
– As instalações desportivas para treino tem sido para o Operário uma
dificuldade, pois têm andado com a casa às costas e com despesas acrescidas.
Que sugestão tem para colmatar este problema na próxima época se continuar no
clube.
B. A. – Claro que o ideal seria o Operário ter um
pavilhão próprio para a sua equipa sénior mas sobretudo para os seus escalões
de formação, mas não tendo, penso que o clube tem conseguido dar as condições
possíveis para desempenhar com qualidade os treinos e jogos. Agora se acho que
a Cidade de Lagoa já merecia um Pavilhão Municipal que servisse as equipas do
concelho, é que o Operário deu e continua a dar uma imagem a nível do Futsal
Nacional que nenhuma equipa até hoje conseguiu.
J.A.
– Olhando para as equipas de formação a competir na AFPD, o que falta para as
mesmas serem mais competitivas?
B. A. – Penso que falta acima de tudo pessoas (dirigentes
e treinadores) que encarem o futsal numa vertente de formação sem exigirem
títulos de campeões ás suas equipas, mas sim ficarem satisfeitos se após 4 a 6
anos de formação conseguirem colocar na sua equipa sénior uma grande parte dos
jogadores que passaram na formação, isso sim seria na minha opinião saber
formar.
J.A.
– Está neste momento a frequentar o curso de treinadores na AFPD, como tem
decorrido esta sua formação?
B. A. – Tem sido um curso muito bom, apesar de ser
bastante intenso e extenso, em que tenho aprendido bastante, com um excelente
grupo de formandos e formadores em que
todos temos uma ideia de melhorar cada vez mais a formação do futsal açoriano.
J.A. – A nova época desportiva já se
avizinha, vá continuar a treinar o Operário?
B.A.
– Sim, irei continuar a treinar o Operário sendo que já estamos a trabalhar na
contratação de alguns jogadores importantes para o clube, pois pretendemos
construir uma equipa competitiva mas acima de tudo pretendemos criar uma
família em que todos pensemos de uma só forma, sem haver conflitos de
interesses.
Texto
e Foto: José Araújo