Elaborar um balanço das primeiras 10 jornadas da serie Açores de Futsal, que este ano teve a sua estreia não é nada fácil, os seus dirigentes não entraram em loucuras e corrigiram os erros que em tempos o futebol cometeu a esta parte. Todos os clubes não entraram em desvario de contratações quer de técnicos ou jogadores.
Foi pura e simplesmente a prata da casa, uns com mais maturidade, outros mais novos, mas sem formação do futsal, mas com outra mentalidade desportiva. Para combater esta falta de jovens está a Federação e Associações que têm uma palavra a dizer com a exigência de mais equipas de formação, igualando o número do futebol por exemplo ou aumentar, alterando assim os regulamentos das provas, pois já passaram anos suficientes desde o lançamento da modalidade a nível Nacional e Regional.
Fazendo uma retrospetiva do número de treinadores formados pela Associação Futebol Ponta Delgada (São Miguel e Santa Maria), o mesmo quase chega à centena de nível um, e um bom grupo com o 2º nível, pelo que temos pessoal já em campo a trabalhar e a desenvolver a modalidade. Resta saber para quando novo curso de treinadores, pois existe muitos candidatos para o primeiro nível, e seguintes. Parece-me na minha opinião que esta nova direcção da FPF, quer resolver e implementar muitas coisas novas no Futsal Nacional, que estava parado no tempo.
Na área técnica houve supressa e veio da ilha do Pico, a orientação da equipa pertence a uma mulher de nome Carla Tomás, que meteu mãos à obra no FC Madalena, nessa estreia da serie Açores, no final é que se irá tirar conclusões e se valeu a pena ou não a experiência.
Na área do dirigismo viemos encontrar muita “malta” nova com espirito empreendedor e conscientes daquilo que estão a desempenhar durante e depois de cada jornada. Não posso deixar de referir uma palavra de apreço pelo trabalho desenvolvido com muita dedicação e experiencia dos dirigentes da ilha de S. Miguel e de Santa Maria, pessoas que conheço a alguns anos, incansáveis e com um comportamento digno, durante e após os jogos com todos os seus adversários, comunicação social e arbitragem.
Quanto às equipas participantes, a boa surpresa veio da ilha Terceira, Matraquilhos FC, que vale pelo seu todo, com atletas com alguma maturidade oriundos na sua maioria do futebol, bem orientada pelo Nuno Vieira e que conta com bons apoios financeiros dos privados da ilha Terceira.
Quanto à arbitragem, que é sempre muito falada, evoluiu e o quadro Regional – Nacional saiu reforçado, na 2ª categoria Nacional, com Sérgio Silva da AFAH, 3ª categoria Nacional, José Silveira e Filipe Ferreira AFAH, Paulo Couto, José Artur da AFPD e do quadro de observadores Gustavo Frade AFPD, e Paulo Campos AFAH. Em jeito de conclusão, a última subida de dois árbitros e de dois observadores aos Nacionais vem por si só afirmar que a arbitragem tem evoluído, pois não é todas as épocas que elementos de boa valia técnica nesta área atingem patamares mais altos o que em outras modalidades ainda não foi conseguido.
Disputou-se um de vários dérbis micaelenses e do Rabo de Peixe – C. Escolar Vila Franca, que observei, foi arbitrado por árbitros Açorianos dois vindos da ilha Terceira e um de S. Miguel a desempenhar as funções de cronometrista, numa arbitragem de bom nível, como tive oportunidade de escrever, não comprometeu em nada a disputa neste jogo dos três pontos na Vila de Rabo de Peixe. Também houve equipas de arbitragens vindas do Continente, umas com mais experiencia outras não e agora na versão mais economicista desde o final do mês de fevereiro com cronometrista da ilha onde atuam, orientação que defendo há alguns anos e relatada por mim a quem de direito na Federação.
Sobre os adeptos, têm comparecido em bom número aos pavilhões (muitos mais do que em estádios de futebol por esse país fora), onde tenho observado os jogos das equipas micaelenses e no de Rabo de Peixe é sempre casa cheia. Quanto ao comportamento tem sido digno, pois o objetivo tem sido o de apoiar o seu clube muitas vezes lado a lado com os adeptos forasteiros, assim se faz a festa do Futsal jornada a jornada.
Em jeito de conclusão final vou deixar aqui alguns pontos de vista sobre que futuro para a Serie Açores se deve continuar ou não, pois não estou a discutir a sua formação, pois todos nós sabemos que foi uma resolução/imposição da assembleia geral da Federação. Assim, um clube que vença o campeonato da sua associação tem como objetivo a subida a nível nacional, tem de ter um conjunto de apoios humano, técnicos e financeiros. De ano para ano os clubes vêm os seus apoios reduzidos na publicidade que recebem dos privados, o corte do número de pessoas nas comitivas e de não serem apoiados nas “ditas” taxas do aeroporto, na minha opinião uma grande injustiça e a proveniência de mais uma despesa.
Vou simplesmente analisar o aspeto desportivo, será que o nível de Futsal praticado na Série Açores é mais evoluído? Será uma versão melhorada dos campeonatos associativos? O clube que vença a série Açores está preparado para competir na 2ª Divisão Nacional? Estas são algumas de muitas perguntas que podia enumerar neste escrito.
Na minha opinião e de outras pessoas com maior vivência e experiência do Futsal, a série Açores é só uma versão um pouco melhorada dos campeonatos associativos. As equipas envolvidas não evoluíram pelo fato de estarem sediadas nas diversas ilhas dos Açores e com falta de competição com outras com experiência dos campeonatos nacionais da modalidade, “só se aprende jogando com outras mais evoluídas”.
Quanto à passagem para a 2ª divisão a responsabilidade é maior e com outra organização de clube pois o nível de competição é mais exigente. Para colmatar estas lacunas os clubes envolvidos nesta divisão precisam de atletas mais competitivos e experientes nestas andanças (não é isto sinonimo de mais velhos), pois leva-os à contratação jogadores fora da região (muitas das vezes não fazem a diferença) com custos elevados, e sem os apoios financeiros necessários para os manter durante a época desportiva. Precisamos sim, de fazer um debate franco e aberto em cada Associação com os clubes, Federação Portuguesa de Futebol e o Governo da Região, a fim de delinear o “Futsal que Futuro nos Açores” com que organização e apoios, para que não haja loucuras como nos tempos em que tudo era fácil obter.
Pois o tempo é de mudança, falta de apoios financeiros mas de evolução, pois já se passou do tempo de reunir uns amigos “da minha rua”, transporta-los numa carrinha e ir jogar Futsal na freguesia vizinha, frase esta muitas vezes repetida nas reuniões de clubes pelo Auditon Moniz, pessoa com quem convivi cerca de nove anos na direção da AFPD, vem confirmar que foi assim que começou no Futsal ou outra qualquer modalidade, agora é encarado com maior rigor financeiro e organização.
Reportagem de José Araújo