Na conversa que tivemos com o treinador Osvaldo Travassos do Clube Desportivo
“Os Marienses”, do concelho de Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, que milita na
3ª Divisão - Série Açores, competição Nacional da FPF, que balanço faz da época transacta e perspectivas para a próxima e deixar uma
mensagem aos nossos leitores.
José
Araújo – A classificação da época anterior foi meritória, que balanço faz da
época passada?
Treinador – Balanço muito
positivo tendo em conta que se tratou da primeira participação numa competição
nacional. Além disso, partíamos com a grande desvantagem de sermos a única
equipa da Série Açores que não competiu em provas locais.
Na primeira jornada
apenas tinhamos realizado um jogo oficial para a Taça de Portugal (3 meses
antes), ao passo que as outras equipas contavam, na sua grande maioria, com
mais de dez jogos oficiais realizados, entre Taças, Supertaças e Torneios de
Abertura das respectivas Associações. E esta época vai ser igual! Tudo isto
somado só veio dar ênfase ao nosso feito.
J.A.
– Quais os objectivos para a próxima época?
T – O objectivo principal é
claro, e passa por assegurar a manutenção o mais cedo possível, mas gostaríamos
muito de alcançar novamente o pódio para provar que a classificação da época
passada não foi por acaso.
J.A.
– Com a falta de competição em seniores na ilha de Santa Maria torna-se difícil
recrutar jogadores locais. Tem o plantel necessário para abordar a próxima
época ou necessita de reforços?
T – Contamos com duas caras
novas, um atleta vindo da AA Universidade dos Açores e um local, ex- GD Gonçalo
Velho. Este último passou um ano sem competir mas, uma vez que o campeonato só
começa em Janeiro, terá bastante tempo para se integrar. Sem competição, o
recrutamento é mais difícil. Temos de nos virar para a formação que por
enquanto até vai produzindo alguns talentos. Já na época passada usamos
jogadores juniores e provavelmente vamos voltar a repetir a situação. No geral,
acho que o plantel está mais equilibrado que o da época passada.
J.A.
– O que se torna necessário para o desenvolvimento do futsal na ilha de Santa
Maria?
T – Penso que o futsal na
ilha está a padecer de um mal que é transversal a toda a sociedade: a falta de
participação cívica e o associativismo que está a perder-se. Além disso existe uma
postura de que os outros é que deviam fazer algo para mudar o estado das
cosias.
No caso do futsal, há a ideia – a meu ver errada – que a Associação de
Futebol de Ponta Delgada é que tem a responsabilidade toda sobre o rumo que as
coisas tomaram. Não quero dizer com isto que está isenta de culpa. Muito pelo
contrário. Sentimos todos que a direcção da AFPD não tem dado a importância
devida à modalidade. Como se explica que uma ilha (São Miguel) que tem uma
equipa na primeira divisão (Clube Operário Desportivo) não tenha sequer campeonato
de ilha?
O desinvestimento no futsal tem sido gritante e desta forma não se
motiva ninguém a participar e a envolver-se na modalidade. A iniciativa devia
partir tanto dos clubes como da Associação, mas esta última, a meu ver, não tem
fomentado o crescimento. O futsal é, infelizmente, o parente pobre do futebol.
J.A.
– Muitos clubes têm afirmado que as horas atribuídas para treino são tardias. Acha
que na ilha de Santa Maria tem pavilhões suficientes e com qualidade para o
treino e competição?
T – Os pavilhões são sem
dúvida nenhuma insuficientes para o alto indíce de participação da população nos
desportos de pavilhão (a maior taxa dos Açores). A época passada, passamos a
maior parte do tempo a treinar num pavilhão que tem bem mais de vinte anos e com
as medidas mínimas para a prática do futsal.
Esta época, felizmente
reconheceram o estatuto de equipa que participa em competições nacionais e
ficamos melhor servidos. Em termos de horários, não nos sentimos muito
penalizados, mas para nos sentirmos assim, é porque alguém ficou com a pior
parte. Entretanto, o governo anunciou a reabilitação do parque desportivo de
Santo Espírito com a construção de num novo pavilhão.
Espero que seja
suficiente para aligeirar a ocupação nos outros pavilhões por modo a que as
equipas tenha mais tempo e melhores condições para treinar.
Texto e foto: José Araújo