terça-feira, 2 de outubro de 2012

FUTSAL: TÉCNICO DE “OS MARIENSES” OSVALDO TRAVASSOS PREOCUPADO COM O FUTURO DA MODALIDADE – SANTA MARIA


Na conversa que tivemos com o treinador Osvaldo Travassos do Clube Desportivo “Os Marienses”, do concelho de Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, que milita na 3ª Divisão - Série Açores, competição Nacional da FPF, que balanço faz da época transacta e perspectivas para a próxima e deixar uma mensagem aos nossos leitores.
José Araújo – A classificação da época anterior foi meritória, que balanço faz da época passada?
Treinador – Balanço muito positivo tendo em conta que se tratou da primeira participação numa competição nacional. Além disso, partíamos com a grande desvantagem de sermos a única equipa da Série Açores que não competiu em provas locais.
Na primeira jornada apenas tinhamos realizado um jogo oficial para a Taça de Portugal (3 meses antes), ao passo que as outras equipas contavam, na sua grande maioria, com mais de dez jogos oficiais realizados, entre Taças, Supertaças e Torneios de Abertura das respectivas Associações. E esta época vai ser igual! Tudo isto somado só veio dar ênfase ao nosso feito.
J.A. – Quais os objectivos para a próxima época?
T – O objectivo principal é claro, e passa por assegurar a manutenção o mais cedo possível, mas gostaríamos muito de alcançar novamente o pódio para provar que a classificação da época passada não foi por acaso.
J.A. – Com a falta de competição em seniores na ilha de Santa Maria torna-se difícil recrutar jogadores locais. Tem o plantel necessário para abordar a próxima época ou necessita de reforços?
T – Contamos com duas caras novas, um atleta vindo da AA Universidade dos Açores e um local, ex- GD Gonçalo Velho. Este último passou um ano sem competir mas, uma vez que o campeonato só começa em Janeiro, terá bastante tempo para se integrar. Sem competição, o recrutamento é mais difícil. Temos de nos virar para a formação que por enquanto até vai produzindo alguns talentos. Já na época passada usamos jogadores juniores e provavelmente vamos voltar a repetir a situação. No geral, acho que o plantel está mais equilibrado que o da época passada.
J.A. – O que se torna necessário para o desenvolvimento do futsal na ilha de Santa Maria?
T – Penso que o futsal na ilha está a padecer de um mal que é transversal a toda a sociedade: a falta de participação cívica e o associativismo que está a perder-se. Além disso existe uma postura de que os outros é que deviam fazer algo para mudar o estado das cosias.
No caso do futsal, há a ideia – a meu ver errada – que a Associação de Futebol de Ponta Delgada é que tem a responsabilidade toda sobre o rumo que as coisas tomaram. Não quero dizer com isto que está isenta de culpa. Muito pelo contrário. Sentimos todos que a direcção da AFPD não tem dado a importância devida à modalidade. Como se explica que uma ilha (São Miguel) que tem uma equipa na primeira divisão (Clube Operário Desportivo) não tenha sequer campeonato de ilha?
O desinvestimento no futsal tem sido gritante e desta forma não se motiva ninguém a participar e a envolver-se na modalidade. A iniciativa devia partir tanto dos clubes como da Associação, mas esta última, a meu ver, não tem fomentado o crescimento. O futsal é, infelizmente, o parente pobre do futebol.
J.A. – Muitos clubes têm afirmado que as horas atribuídas para treino são tardias. Acha que na ilha de Santa Maria tem pavilhões suficientes e com qualidade para o treino e competição?
T – Os pavilhões são sem dúvida nenhuma insuficientes para o alto indíce de participação da população nos desportos de pavilhão (a maior taxa dos Açores). A época passada, passamos a maior parte do tempo a treinar num pavilhão que tem bem mais de vinte anos e com as medidas mínimas para a prática do futsal.
Esta época, felizmente reconheceram o estatuto de equipa que participa em competições nacionais e ficamos melhor servidos. Em termos de horários, não nos sentimos muito penalizados, mas para nos sentirmos assim, é porque alguém ficou com a pior parte. Entretanto, o governo anunciou a reabilitação do parque desportivo de Santo Espírito com a construção de num novo pavilhão.
Espero que seja suficiente para aligeirar a ocupação nos outros pavilhões por modo a que as equipas tenha mais tempo e melhores condições para treinar.
 
 
Texto e foto: José Araújo