quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

KARATÉ: SENSEI ANTÓNIO MELO EXPLICA O QUE É SER SENPAI…

No mundo das artes marciais, o uso de termos japoneses sem o conhecimento efetivo a respeito do seu significado e ou utilização sempre levou (e ainda leva) alguns instrutores ou praticantes a erros que poderiam ser facilmente evitados.
Este é o caso do termo SENPAI.
Inúmeros são os instrutores que “adoram” usar a palavra “SENPAI” referindo-se aos “faixas pretas” ou “estudantes seniores” e isso acontece porque estes instrutores “convencionaram” que o termo SENPAI refere-se apenas aos alunos antigos dentro de um Dōjō.
Ao falar sobre SENPAI é obrigatório falar em KŌHAI, pois o termo SENPAI não é um título, SENPAI/KŌHAI, é uma relação!
Assim sendo, o Senpai é um estudante sênior (designado pelo Sensei) que se torna responsável por um ou mais estudantes para ensinar-lhes informações básicas sobre o estilo ou escola de Karate.
A relação SENPAI/KŌHAI dentro de um dōjō, é mais conhecida a nível japonês como a relação “irmão mais velho/irmão mais novo”, onde o “irmão mais velho” é responsável pela educação do “irmão mais novo” e é desta forma que deveria ser encarado dentro das escolas de vias marciais ocidentais. Ou seja, um Senpai encarregado de um ou mais estudantes.
Vamos ver agora, com um pouco mais de profundidade, como isso é feito dentro de um Dōjō:
Para começar, o Sensei atribui a um (ou mais) estudante (s) mais antigo (s) a responsabilidade de supervisionar um, dois ou - no máximo - três alunos mais novos.
O aluno mais antigo que assume esta responsabilidade passa a ser um Senpai, enquanto os mais novos passam a ser os Kōhai.
A função do Senpai é supervisionar o desenvolvimento básico - teórico e prático - dos Kōhai (novos alunos) sob sua responsabilidade.
Atenção neste ponto: O Senpai é sempre responsabilizado pelo desenvolvimento dos alunos sob a sua supervisão. Ou seja, a sua capacidade de transmissão dos conhecimentos básicos do Dōjō estão sempre a ser avaliados - constantemente - o que pode fazer com que tal responsabilidade seja, em alguns casos, bastante exigente.
Mesmo assim, esse tipo de relação é extremamente benéfica para o Senpai, porque serve como preparação para as responsabilidades de ser um futuro instrutor, assumindo em menor escala, todas as funções de um Sensei.
Isso faz com que os Senpai ganhem experiência de instrução, sob a supervisão directa do Sensei - o qual poderá avaliar, corrigir e ajudar o Senpai na tarefa de instruir os alunos mais novos. O que leva a acção de formação continuada do aluno mais antigo a níveis muito mais elevados.

António Melo (F.S.K.A.)