No mundo das
artes marciais, o uso de termos japoneses sem o conhecimento efetivo a respeito
do seu significado e ou utilização sempre levou (e ainda leva) alguns
instrutores ou praticantes a erros que poderiam ser facilmente evitados.
Este é o caso do termo
SENPAI.
Inúmeros são os instrutores
que “adoram” usar a palavra “SENPAI” referindo-se aos “faixas pretas” ou
“estudantes seniores” e isso acontece porque estes instrutores “convencionaram”
que o termo SENPAI refere-se apenas aos alunos antigos dentro de um Dōjō.
Ao falar sobre SENPAI é obrigatório falar em KŌHAI, pois o termo SENPAI não é um
título, SENPAI/KŌHAI, é uma relação!
Assim sendo, o Senpai é um
estudante sênior (designado pelo Sensei) que se torna responsável por um ou
mais estudantes para ensinar-lhes informações básicas sobre o estilo ou escola
de Karate.
A relação SENPAI/KŌHAI
dentro de um dōjō, é mais conhecida a nível japonês como a relação “irmão mais
velho/irmão mais novo”, onde o “irmão mais velho” é responsável pela educação
do “irmão mais novo” e é desta forma que deveria ser encarado dentro das
escolas de vias marciais ocidentais. Ou seja, um Senpai encarregado de um ou
mais estudantes.
Vamos ver agora, com um
pouco mais de profundidade, como isso é feito dentro de um Dōjō:
Para começar, o Sensei
atribui a um (ou mais) estudante (s) mais antigo (s) a responsabilidade de
supervisionar um, dois ou - no máximo - três alunos mais novos.
O aluno mais antigo que
assume esta responsabilidade passa a ser um Senpai, enquanto os mais novos
passam a ser os Kōhai.
A função do Senpai é
supervisionar o desenvolvimento básico - teórico e prático - dos Kōhai (novos
alunos) sob sua responsabilidade.
Atenção neste ponto: O
Senpai é sempre responsabilizado pelo desenvolvimento dos alunos sob a sua
supervisão. Ou seja, a sua capacidade de transmissão dos conhecimentos básicos
do Dōjō estão sempre a ser avaliados - constantemente - o que pode fazer com que
tal responsabilidade seja, em alguns casos, bastante exigente.
Mesmo assim, esse tipo de
relação é extremamente benéfica para o Senpai, porque serve como preparação
para as responsabilidades de ser um futuro instrutor, assumindo em menor escala,
todas as funções de um Sensei.
Isso faz com que os Senpai
ganhem experiência de instrução, sob a supervisão directa do Sensei - o qual
poderá avaliar, corrigir e ajudar o Senpai na tarefa de instruir os alunos mais
novos. O que leva a acção de formação continuada do aluno mais antigo a níveis
muito mais elevados.
António Melo (F.S.K.A.)