Falar sobre Ricardo
Canavarro todos nós podemos falar sem “beliscar” a sua honra e sabedoria,
podemos sim, é não concordar com as suas opções técnicas a cada jogo. Agora
escrever e conviver com este “Homem” de 36 anos, primeira experiência a nível
1ª divisão, que veio para treinar a equipa do Clube Operário Desportivo, da cidade de Lagoa, deixando a família e
filhos em Vale de Câmara, é preciso ter muita coragem e gostar muito da
modalidade, é muito diferente.
Tive o grato privilégio de
conviver com este treinador vindo do Norte de Portugal Continental desde o
primeiro dia que chegou a esta ilha, aconselhado por um grande amigo que por
razões profissionais regressou à sua terra natal, de nome Hugo Matos, árbitro
de futsal, depois de cumprir uma comissão de serviço na Marinha, nesta ilha.
Foi pois, no seu anterior
clube ACR Vale de Câmara, um treinador que começou nas camadas jovens e só
parou nos seniores, com duas subidas de divisão e a manutenção numa difícil
divisão, ou seja a 2ª Divisão Nacional - Zona Norte, e ainda com três títulos
de campeão de juniores na AF Aveiro, o que atesta bem a sua qualidade técnica.
Depois foi rumar a S. Miguel - Açores, numa aventura que durou seis meses como poderia durar
mais, de muito trabalho, e acima de tudo, de muita aprendizagem e prestigio, penso
eu e não tenho dúvidas que saiu daqui muito mais “Homem” a todos os níveis,
quer pessoal quer desportivo, gracejou muitos amigos, quer em jogos informais
que disputava às terças-feiras no Ginjal, ao longo dos treinos, bem como na sua
vida privada.
Durante alguns treinos da
pré-época pude observar e acompanhar a formação da equipa do Operário e
contemplar que tipo de treinador é. Concluí que é muito dedicado ao treino, empenhado,
disciplinador, sabendo o que quer, procura dar sempre aos seus jogadores as
recomendações e ensinamentos práticos do jogo numa 1ª divisão muito exigente.
Diligenciou também no
Operário a organização da formação do clube tendo contado sempre com apoio do Roberto
Silva, treinador dos guarda-redes dos seniores e dos juniores, e todos os
dirigentes e outros treinadores de cada escalão de formação.
Nos jogos viveu cada minuto, pautando-se sempre por um
respeito pelos adversários e árbitros, pois é um grande conhecedor das leis de
jogo, abordando comigo após os jogos situações menos boas das equipas de
arbitragem, sem nunca por em causa a categoria de cada árbitro, que nos
visitava a cada jornada.
No relacionamento que tinha com Presidente do Operário,
Gilberto Branquinho e citando o que escreveu na sua página do facebook referiu –
sic -” Que nesta vivência que tivemos, me ensinou muito e partilhou comigo
valores quer morais, sociais e desportivos que jamais esquecerei, ao mestre
Agatão, que me apoiou e que me conduziu em muitas horas difíceis, ao Sr.
Francisco Magalhães, Rúben Almeida, Fernando Furtado, Liberal Costa, Bento,
Juvenal, Ricardo Botelho, aos meus adjuntos Bruno e Roberto, ao José Araújo,
Luís Cunha, Dona Filomena e ao Sagrado, o homem que nos servia as refeições
todos os dias”.
São palavras sentidas de agradecimento na primeira pessoa de
quem parte desta ilha situada no meio do Atlântico com vontade de regressar e
de agradecer às pessoas com quem conviveu no seu dia-a-dia.
Compreendo que a partida desta ilha se deveu em parte aos
resultados desportivos, pois é disso que os clubes necessitam a cada jornada e
em cada época desportiva, para atingir os objetivos propostos.
Bem-haja amigo Canavarro…espero encontrar-te por aí e
relembrar os tempos que passaste nesta ilha do Arcanjo.
Texto e fotos de José Araújo