Por José Araújo,
O momento actual de crise que vivemos afecta todas as áreas da
sociedade e, como é óbvio, o desporto e o futsal em geral também o sentem. Toda
esta situação, está a levar a uma falta de interesse ou de competitividade e
que pode ser fatal para o futsal, que poderá estar a perder um espaço para
crescer nas ilhas de São Miguel e Santa Maria. Está a haver um investimento
cada vez menor na formação e principalmente nas equipas seniores masculinas ao
nível federado, muito embora tenhamos um campeonato do Inatel a decorrer.
Não sei de quem é a responsabilidade. Será da crise ou dos preços
altos nas inscrições, tem a palavra a F.P.F. e as associações por este país
fora, a pugnar por preços mais baixos, como fez a Inatel esta época. Senão
vejamos, uma transferência de um atleta custa cerca de 37,50 €, muito
dispendioso para os cofres dos clubes nos dias de hoje, quando foi deliberado
pela FPF que todo o atleta fica livre no final da época desportiva e o preço a
pagar por isto podia ser simbólico, não esquecendo ainda o valor da inscrição
que ainda é muito elevado para os dias que correm.
A culpa é de quem devia mediar esta situação e fazer alguma coisa
para que os clubes voltem de novo ao seio associativo, para que a competição
regresse em força e não haja clubes a “morrer”, e assim aumentar cada vez mais o
número de atletas na formação, assim como no escalão de seniores, e assim o futsal
não fique mais débil.
O regresso à competição nos seniores é urgente, nem que para isso
tenham de ser tomadas medidas ao nível financeiro, com mais apoios associativos,
como já foi dado na vertente do futebol (2ª divisão), mas com contrapartidas
dos clubes. Estamos a afastar-nos cada vez mais de outras épocas e estas
diferenças vão começar a sentir-se cada vez mais, pelo que precinto que não há
perspectivas de melhorar este cenário e o futsal irá acabar por retirar-se do
panorama federado e assim vamos competir pela terceira parte do jogo (com umas
cervejas com os amigos).
A aposta na formação tem diminuído, e só não vê quem não quer, que
nas últimas épocas perdemos muitas equipas juniores, podia-se pensar que tinham
“migrado” para os seniores mas não é o caso. Por isso pergunto onde estão estes
jovens atletas? O que se fez para minimizar esta situação?
O apoio aos clubes pela elaboração dos contratos programa, vem
através dum apoio financeiro estatal com grandes cortes, e por isso temos que dizer
basta, pois os dirigentes não conseguem suportar mais encargos, com a agravante
que alteram as “regras do jogo” já a época desportiva está quase a meio. Já basta
os cortes nos seus vencimentos, senão vamos todos para casa para junto da
família.
Pelo que foi
noticiado na imprensa há fortes possibilidades de acabar a participação Taça Nacional
de seniores femininas, juniores A e B por clubes. A
causa é a redução este ano de 27% no apoio da Direcção Regional do Desporto às
Associações de Futebol dos Açores para a organização, competições Regionais e
participações Nacionais em 2013, nomeadamente para custear as viagens (sem
taxas de aeroporto) as estadias e transportes para os jogos.
Todo o clube para evoluir
tem de competir e ter como objectivo a sua participação nas provas nacionais
depois de superar as dos Açores. Se isto for cortado ao futsal ou a outra
modalidade perde-se o interesse pela competição federada. Senão vejamos o
Torneio Regional Inter-Associações de Futsal – Sub-17 que estava previsto para
o início deste mês, já não se realizou, já com despesas feitas pelos clubes e
associação nas deslocações para os treinos que decorriam às segundas-feiras,
das 21 às 22.30 horas, no pavilhão da Escola Secundária da Ribeira Grande, quem
as minimiza destes gastos? Ficam pois desmoralizados estes jovens atletas…
Só se pensa em reduzir
custos nas instalações desportivas dependentes do Serviço de Desporto de São
Miguel, que são a maioria, para jogos: “reduzindo para meia hora antes das
competições locais e uma hora antes das competições Regionais e Nacionais”, -
SIC, não aceites pelos clubes que querem levar a sério as provas, pois não estamos
a galhofar os jogos. Até já temos um pavilhão com falta de luz (cinco lâmpadas
fundidas) onde se realiza provas de 1ª divisão nacional, conforme reportagem da
RTP- Açores.
Temos dar meios aos clubes
que apostam na competição informal encaminhando para programas tipo “Açor Activos”,
mas para a competição no seio associativo e os critérios de apoio deveriam ser
mais rigorosos, obrigando que estes realizassem na sua ilha provas com o mínimo
de três equipas do mesmo escalão por um período de tempo considerável, o que
não acontece por estes Açores fora.
É urgente pensarmos nisto...
e reunir com os agentes desportivos do Futsal, para se analisar os tempos que
correm e pensar no futuro da modalidade.
Termino este meu artigo com
um “dito” do povo “sei que as críticas não me abalam, os elogios não me iludem,
sou o que sou e não o que dizem”.
Março de 2013