A
Regata Baleeira Bento de Góis vai realizar-se no próximo sábado, pelas 14.30
horas, em Vila Franca do Campo, São Miguel. Esta prova poderá ser vista a
partir de terra, no pontão da nascente da marina, na praia da Vinha d'Areia ou
em embarcação própria. O campo de regata poderá ser alterado em virtude das
condições do vento e do mar.
A
cerimónia de entrega dos prémios decorrerá no churrasco convívio de sócios e
convidados organizado pelo Clube Naval de Vila Franca do Campo, e que tem o seu
início previsto para as 17.30 horas, na marina local.
A
equipa convidada navega o bote baleeiro "SANTA MARIA", matrícula
VP-25-B, e representa o Clube Naval de Vila do Porto, sendo composta pelos
seguintes elementos: Armando Pacheco, António Pacheco, Marco Figueiredo, Frederico
Pereira, Raquel Batista, Ioannis Rousseaux e Rita Carrilho.
A
equipa local navega o bote baleeiro "SENHORA DE FÁTIMA", matrícula
SG-98-B, representa o Clube Naval de Vila Franca do Campo e a Terra Azul, sendo
composta pelos seguintes elementos: Eduardo Lacerda, Mário Prieto, Jorge
Arruda, Alexandre Cabral de Melo, Vítor Correia, Armando Viveiros e Miguel
Cravinho.
NOTA
HISTÓRICA SOBRE OS BOTES:
O "SANTA MARIA" foi
encomendado pela Companhia Baleeira Mariense aos estaleiros das Lajes do Pico.
Foi construído em 1952 por António dos Santos Fonseca, sob o registo de
VP-25-B, e ficou conhecido como Santa Maria Novo, pelo facto de ter sido
mandado construir com o propósito de substituir outro bote do mesmo nome. Tem
11, 52m de comprimento, 1,93m de boca e 0,61m de pontal, apresenta 3,396
toneladas de arqueação bruta e custou, na altura (1952), 15.000$00. Baleou
activamente durante todo o ciclo baleeiro em que foi utilizado, tendo sido
oficiado pela maioria dos mestres ao serviço da Companhia Baleeira Mariense,
entre os quais António Grota, José Oliveira, João da Bica e José Tavares,
marienses; e Manuel Melão e José Braga, oriundos das Capelas, em São Miguel.
O
Santa Maria permaneceu armazenado no Porto do Castelo de 1961 (fim do último
ciclo baleeiro em Santa Maria). Em 1986, foi a data em que foi adquirido
(juntamente com o restante espólio baleeiro e alguns terrenos) pela Sociedade
Corretora, Lda. É transferido para os respectivos armazéns em São Miguel.
Regressou à ilha de Santa Maria nos finais do século passado, pelas mãos do
emigrante de ascendência mariense Everett John Delaura (corruptela de João de
Loura), tendo sido guardado num dos armazéns da antiga Fábrica da Telha, em
Vila do Porto, até 2011, altura em que foi cedido graciosamente ao Clube Naval
de Santa Maria, a fim de ser preservado e subsequentemente apoiar a dinamização
da Secção de Vela do clube. Para além deste, o Sr. Everett ainda cedeu o bote
Nossa Senhora do Bom Despacho, com o registo VP-21B.
O “SENHORA DE FÁTIMA” foi
construído em 1945, na Vila das Capelas, ilha de São Miguel, tendo obtido o
registo PD-320-B, da capitania de Ponta Delgada. É uma embarcação de tipo
canoa, com aparelho “vela e remos”,comprimento = 11,85m; boca = 1,92m; pontal =
0,72m; com a arqueação bruta de 12,923 metros cúbicos. O seu proprietário foi o
armador Cristóvão Mota Soares. No final de 1946, o bote foi enviado para Santa
Cruz da Graciosa, para o Lugar da Prainha, onde o Cristóvão Mota Soares
instalou uma armação baleeira com duas lanchas e seis botes. Passou o registo
para a delegação marítima de Santa Cruz da Graciosa, tendo sido atribuído o
conjunto identificativo SG-98-B, mantendo o mesmo nome, características
técnicas e propriedade. No auge da caça à baleia, o “SENHORA DE FÁTIMA” foi
cedido ao oficial João Baptista, que com ele baleou na Praia até 1960. Após a
morte do seu proprietário, a companhia de Cristóvão Mota Soares, foi adquirida
por José Cristiano de Sousa, prestigiado armador da ilha do Pico que veio a
integrar as Armações Baleeiras Reunidas com sede em São Roque do Pico.
O
“SENHORA DE FÁTIMA” baleou desde a década de 40 até à interdição da caça à
baleia no início dos anos 80, permanecendo depois no cais de Santa Cruz ao
abandono. Em Janeiro de 1989, o Rufino Cordeiro Dias Pereira, adquiriu o bote.
As razões que o levaram à aquisição deste, são essencialmente emocionais. Este
foi o bote no qual seu pai, Mestre Baptista, havia caçado muitas baleias,
durante longos anos. Em Maio de 1993, foi cortado ao meio e convertido em
embarcação de pesca, mantendo a mesma denominação, mas alterando o registo para
SG-222-L.
Em
Março de 1998, passou para a categoria de recreio. Alguns anos mais tarde, foi
cedido ao Clube Naval de Santa Cruz, que o converteu em balcão de bar, numa das
suas dependências. A 30 de Novembro de 2007, o que resta do “SENHORA DE FÁTIMA”
é adquirido por Miguel Cravinho.
DFA
Foto: Vítor Correia/DR