Por José Araújo,
Já lá vão quase uma década de anos de que fui convidado a fazer parte do
elenco directivo da Associação de Futebol de Ponta Delgada a convite do meu
amigo Luís Pacheco. Na altura tive como objectivo o lançamento do futsal nas
Ilhas de São Miguel e Santa Maria. Com a colaboração de todos os meus colegas
de então, direcção foi conseguido o objectivo, do qual me propus. Os sócios
aderiram à nova modalidade e outros filiaram-se na AFPD para jogar a nível
federado.
Foram feitos os primeiros cursos de treinadores, sempre muito
participados, com a presença de formadores de renome a nível nacional, que se
deslocaram a esta ilha com o objectivo engrandecer a modalidade que dava os
primeiros passos nos Açores.
À medida que o futsal dava passos largos na sua evolução, o treino foi-se
desenvolvendo e foi ministrado em São Miguel inúmeros cursos de treinadores de
nível I, e o primeiro de nível II, na Região Autónoma dos Açores e Madeira,
dado o bom número de técnicos já formados pela AFPD.
Não podia deixar de referir também que o Sport
Lagoa e Benfica foi o primeiro clube da AFPD a participar nas provas nacionais e conseguiu com a equipa de seniores a entrada na 3ª
Divisão Nacional, na época
2005-2006, num dos principais
campeonatos de Portugal de futsal, com o apoio do Governo Regional dos Açores, passando
este clube a representar os Açores.
Foi na época 2007/2008, que o futsal e com a
ajuda dos clubes da ilha de Santa Maria é que começaram a participar na
expansão da modalidade. E foi uma realidade a participação de três equipas
seniores e de seis de formação, bem como a formação de árbitros e 16
treinadores, pois estas foram as prioridades imediatas. Com a deslocação para
esta ilha de São Miguel, por imposição profissional, o quadro de arbitragem da
AFPD teve um árbitro de futsal de 1ª Categoria Nacional, de seu nome Armando
Carriço, vindo da AF de Setúbal.
Com o passar dos anos o futsal atingiu
patamares a nível nacional nunca atingidos por nenhum clube açoriano com a
participação do Clube Operário Desportivo na 1ª divisão de futsal nas épocas
2011/2012 e 2012/2013.
E foi na época 2011-2012 que surgiu a série
Açores com dez clubes, oriundos das três Associações dos Açores.
Sobre os progressos que a
modalidade nos trouxe não temos dúvidas de que algo mudou para melhor, mas é
preciso que os atletas micaelenses tenham outra mentalidade desportiva, pois só
assim se evoluiu em termos individuais e colectivos.
Falar do esforço que o Parque Desportivo de São
Miguel faz para disponibilizar as referidas instalações é por si só de louvar,
pois no início começou por disponibilizar no primeiro ano cerca de 17 horas, e
hoje já devemos estar em mais de 50 horas semanais.
Depois desta breve resenha da modalidade que
só não se expande mais talvez por falta de pavilhões, para a prática do treino
e jogos. Se não atente-se, temos clubes em São Miguel que na mesma hora de
treino dividem o pavilhão a meio com dois escalões diferentes. Será isto que se
quer? E muitas vezes percorrendo muitos quilómetros por não haver infra-estruturas
na sua área para a prática desportiva.
Nas Capelas e no pavilhão da escola local
deve ser onde se realizam mais jogos, fruto do desenvolvimento do futsal na
costa norte da ilha de São Miguel. A exemplo do mapa de campos da AFPD, neste
pavilhão realizam-se seis jogos num só dia com femininos pelo meio, com dois
balneários e sem condições para tanto. Há fins-de-semana que ao terceiro jogo
já há atrasos de meia hora. Podia haver mais atrasados se fossem cumpridos os
tempos do aquecimento e do intervalo, assim estamos contrariar o que está
regulamentado.
Na minha opinião os jogos de juniores
masculinos e de seniores femininos deviam ser realizados noutro pavilhão, mas
onde? questiono eu.
Na Ribeira Grande e em Ponta Delgada, ou
temos de construir ou cobrir o polidesportivo daquela localidade junto da
escola do 1º ciclo, que já esta recomendado na carta desportiva de instalações
desportivas e não avançou talvez por questões políticas. Para os lados da
freguesia dos Remédios já está em curso a remodelação e cobertura de um
polidesportivo o que vá remediar na realização dos jogos de formação.
Para janeiro vá dar-se o início do último ano
da série Açores, e o Capelense lá vai jogar para a Ribeira Grande porque na sua
freguesia não tem uma instalação condigna para jogar. Com tudo isto quem sai
“prejudicado” é o clube que tem maiores dispêndios financeiros com as
deslocações para treino e jogos.
Os actuais pavilhões precisam de ser
remodelados pois o estado de degradação é já notório. Será por “escassez de verbas”,
pois há cerca de dois anos que no pavilhão da escola secundária da Lagoa, onde
o Operário realiza os seus jogos a nível nacional têm seis lâmpadas fundidas
provocando zonas escuras na área de jogo prejudicando quem vá lá trabalhar.
Lembro-me dos primeiros anos na direcção da Associação,
que foi feito o levantamento dos campos de futebol “pelados” para o
arrelvamento sintético para se candidatar as verbas do fundo europeu. Objectivo
este que foi conseguido com a insistência da direção da AFPD, da qual eu que
fazia parte, com a colaboração dos demais colegas, munícipes e Governo
Regional.
E agora, porque é que não faz o mesmo? Será
da crise, da troika? A vida continua, e as outras associações de modalidade,
será que estão a fazer alguma coisa para o progresso do desporto, aguardamos
por melhores dias.
José Araújo - Novembro 2013