Como recentemente
informamos, o futsal do Clube Operário Desportivo, clube da cidade de Lagoa, na
Ilha de São Miguel, Açores, desistiu e consequentemente não irá competir na
próxima época. Razões para esta desistência são várias nas palavras de José
Araújo, responsável da AFPD, na modalidade do futsal, que enviou ao DFA, o
esclarecimento por nós solicitado quanto a este tema. É que em pouco tempo o
COD, em futsal subiu à 1ª Divisão Nacional, levou o nome dos Açores bem longe,
mas uma alteração desportiva (criação de um novo campeonato açoriano) e uma
redução financeira como consequência deste novo campeonato, parecem ser os
motivos fortes para o COD, fechar portas à modalidade.
Igualmente, mas parco
em palavras, Gilberto Branquinho, presidente do COD, enviou à nossa redacção o
seu parecer sobre o assunto.
AFPD
através de José Araújo esclareceu:
"Como amante e
agora com o cargo de director para o futsal da AFPD, é com muita pena que vejo
a desistência do Operário na modalidade. É de facto uma perda da identidade da
cidade da Lagoa, berço do futsal em São Miguel e da sua juventude.
Como escrevi no
Jornal Correio dos Açores, em Março de 2014, e anunciado na imprensa de que a
FPF/DR e Associações tinham criado a 2ª Divisão
Nacional Série Açores, possibilitando ao vencedor competir na 2ª fase de
apuramento do primeiro de cada uma das duas zonas, e que tem direito a subir à
1ª Divisão. A minha dúvida ainda mantêm-se…. Será solução? Em relação à
evolução técnica do futsal fica tudo na mesma. Só muda a categoria de divisão.
As equipas mais
evoluídas dos Açores, afirmava eu, podem e devem ser inseridas em divisões com
outras exigências competitivas. Continuava eu ainda a escrever, só assim o
futsal da Região pode progredir pelo que já era feita uma grande aposta dos
clubes em treinadores e em jogadores oriundos dos Açores. Por isso sugeria um Campeonato
dos Açores para o futsal nos mesmos moldes da actual Liga MEO Açores em futebol,
assim ajudava, sim a preparar os atletas e os clubes para outros voos.
Tudo o que escrevi na
altura mantenho, mas nunca é tarde para se pensar se era isto que queríamos
para a modalidade, conjuntamente com todas as partes envolvidas clubes, Associações,
Governo e FPF.
Mantenho a minha
opinião e de muitos aficionados pelo futsal que as duas equipas dos Açores
deveriam era participar numa série com as equipas do Continente, com apoios
financeiros consideráveis, e só assim era possível evoluir no seio da
modalidade e atingir de novo a 1ª Divisão Nacional.
Recuando ainda algum
tempo recordo que o Operário teve nas suas fileiras muitos dos melhores do
País, mas com a asfixia financeira a que foi forçado não conseguiu manter a
qualidade e desceu para a 2ª divisão nacional onde ainda se jogava com os
melhores do Continente.
Com esta transição
para série Açores só se pensou, talvez….na parte económica e a desportiva? Não correu
decerto pelo melhor e em quase todas as jornadas em que o Operário e o Rabo
Peixe jogaram em casa disputaram dois jogos. Como um mal nunca vem só, ainda a
Região obrigou a que os nossos clubes tivessem de fazer também algumas jornadas
duplas fora. Só mesmo no futsal... foi assim este campeonato um pouco desvirtuado".
Gilberto
Branquinho refere tristeza nesta "asfixia" de apoios...
"O encerramento do
futsal no COD, vem na sequência de várias medidas que tem retirado pouco a
pouco a liquidez necessária e a estabilidade desejada. Foram as passagens que
de 17, passaram para 12. Agora com a inserção da segunda divisão somente entre
ilhas, foi retirada a verba atribuída aos clubes que ostentam a palavra "Açores",
38 mil euros, que já foram de 100 mil
euros quando subimos para a primeira
divisão. Enfim muita coisa difícil explicar em poucas palavras...
A decisão de criar esta
divisão, leva o futsal a regredir nos Açores, e nós sendo tão afectados,
acabamos por decidir terminar a modalidade".
Mário Nunes (jornalista)