Sérgio Roque, é o treinador que recentemente levou o CD Santa Clara à revalidação do título (tetra) de campeão de futsal feminino em S. Miguel, passa em revista alguns temas da modalidade, e é peremptório em afirmar que estão a existir evoluções positivas na modalidade no seio da AF de Ponta Delgada.
DFA: Esta é a segunda época do professor Sérgio Roque no clube, com novo título de campeão conquistado. Como foi este campeonato? Notou mais competitividade?
SR: Pode-se dizer que sim. Com a entrada de mais três equipas, proporcionou-se um campeonato a duas voltas o que levou a uma prova mais competitiva onde se decidiu o campeão, somente na penúltima jornada.
DFA: Tem-se notado uma boa afluência de público ao futsal feminino, acha que o futsal feminino está a ganhar espaço na nossa ilha?
SR: Claramente, posso dizer que o no início da temporada, algumas raparigas “bateram à porta do nosso clube” para ingressarem na modalidade, mas infelizmente só temos escalão de séniores e não pudemos acolher esses pedidos, uma vez que o nosso projecto para esta época já estava delineado. Creio que, com alguma vontade e dedicação os clubes poderão pensar na introdução de mais um escalão, nomeadamente, de juniores. Isso iria ajudar a criar mais estabilidade e sustentabilidade à modalidade. Como se sabe, isso já acontece na ilha Terceira, há duas épocas e tem dado alguns frutos positivos.
DFA: Sérgio Roque é um treinador com experiencias várias em clubes da ilha de São Miguel, tendo conquistado todos os títulos na modalidade como treinador de masculinos. É de alguma forma especial averbar conquistas no futsal feminino?
SR: Um treinador vive de momentos e eu tenho tentado vivê-los de uma forma digna, honesta e acima de tudo, tento absorver todas as experiências que tenho vivido ao longo destes oito anos de carreira como treinador de futsal. O Santa Clara é um clube que prima pela sua organização e ambição e tem tentado com as dificuldades inerentes à época actual, proporcionar as melhores condições de trabalho. Eu tentei corresponder com a minha experiência e a dedicação das atletas para conquistar os objectivos a que nos propusemos, embora ainda esteja em falta um título, o mais ambicionado e que é ser Campeão Regional com este grupo de trabalho.
DFA: Qual o perfil das nossas jogadoras de futsal?
SR: As nossas atletas são já conhecedoras da modalidade e do jogo, mas há um aspecto essencial e decisivo na melhoria do mesmo que se prende com sua qualidade técnica individual. Uma vez que a maioria das atletas teve a sua formação no futebol, tenho visto que esse trabalho ainda está um pouco distante do desejado e provavelmente só com a introdução de escalões de formação e com bons treinadores, se alcançará. Penso que num futuro próximo esse aspecto será corrigido e teremos jogos com um nível técnico e tático muito superior.
DFA: Segue-se a presença nos Regionais da modalidade. Quais são as suas expectativas?
SR: Como já referi anteriormente, eu já tive o prazer de conquistar esse título por duas vezes como treinador adjunto, mas falta-me na qualidade de principal, e esse é um sonho que nós, eu, atletas e direcção temos tentado alcançar. É uma prova de cariz diferente que se disputa em dois jogos e a equipa que se apresentar mais concentrada, determinada e com o seu trabalho de casa bem estudado terá essa felicidade. Julgo que na minha opinião, o meu grupo de trabalho está mais forte e mais experiente.
DFA: E quanto ao seu futuro, é para continuar como técnico de futsal feminino?
SR: Neste momento estou empenhado num projecto ambicioso que me deixa feliz e ainda falta disputar duas competições internas, bem como o Regional que nós queremos conquistar e isso é o mais importante.
Mário Nunes (jornalista)
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