domingo, 24 de março de 2013

OPINIÃO: QUE FUTURO PARA O FUTSAL EM S. MIGUEL, SANTA MARIA E NOS AÇORES?

Por José Araújo,
O momento actual de crise que vivemos afecta todas as áreas da sociedade e, como é óbvio, o desporto e o futsal em geral também o sentem. Toda esta situação, está a levar a uma falta de interesse ou de competitividade e que pode ser fatal para o futsal, que poderá estar a perder um espaço para crescer nas ilhas de São Miguel e Santa Maria. Está a haver um investimento cada vez menor na formação e principalmente nas equipas seniores masculinas ao nível federado, muito embora tenhamos um campeonato do Inatel a decorrer.
Não sei de quem é a responsabilidade. Será da crise ou dos preços altos nas inscrições, tem a palavra a F.P.F. e as associações por este país fora, a pugnar por preços mais baixos, como fez a Inatel esta época. Senão vejamos, uma transferência de um atleta custa cerca de 37,50 €, muito dispendioso para os cofres dos clubes nos dias de hoje, quando foi deliberado pela FPF que todo o atleta fica livre no final da época desportiva e o preço a pagar por isto podia ser simbólico, não esquecendo ainda o valor da inscrição que ainda é muito elevado para os dias que correm.
A culpa é de quem devia mediar esta situação e fazer alguma coisa para que os clubes voltem de novo ao seio associativo, para que a competição regresse em força e não haja clubes a “morrer”, e assim aumentar cada vez mais o número de atletas na formação, assim como no escalão de seniores, e assim o futsal não fique mais débil.
O regresso à competição nos seniores é urgente, nem que para isso tenham de ser tomadas medidas ao nível financeiro, com mais apoios associativos, como já foi dado na vertente do futebol (2ª divisão), mas com contrapartidas dos clubes. Estamos a afastar-nos cada vez mais de outras épocas e estas diferenças vão começar a sentir-se cada vez mais, pelo que precinto que não há perspectivas de melhorar este cenário e o futsal irá acabar por retirar-se do panorama federado e assim vamos competir pela terceira parte do jogo (com umas cervejas com os amigos).
A aposta na formação tem diminuído, e só não vê quem não quer, que nas últimas épocas perdemos muitas equipas juniores, podia-se pensar que tinham “migrado” para os seniores mas não é o caso. Por isso pergunto onde estão estes jovens atletas? O que se fez para minimizar esta situação?
O apoio aos clubes pela elaboração dos contratos programa, vem através dum apoio financeiro estatal com grandes cortes, e por isso temos que dizer basta, pois os dirigentes não conseguem suportar mais encargos, com a agravante que alteram as “regras do jogo” já a época desportiva está quase a meio. Já basta os cortes nos seus vencimentos, senão vamos todos para casa para junto da família.
Pelo que foi noticiado na imprensa há fortes possibilidades de acabar a participação Taça Nacional de seniores femininas, juniores A e B por clubes. A causa é a redução este ano de 27% no apoio da Direcção Regional do Desporto às Associações de Futebol dos Açores para a organização, competições Regionais e participações Nacionais em 2013, nomeadamente para custear as viagens (sem taxas de aeroporto) as estadias e transportes para os jogos.  
 
Todo o clube para evoluir tem de competir e ter como objectivo a sua participação nas provas nacionais depois de superar as dos Açores. Se isto for cortado ao futsal ou a outra modalidade perde-se o interesse pela competição federada. Senão vejamos o Torneio Regional Inter-Associações de Futsal – Sub-17 que estava previsto para o início deste mês, já não se realizou, já com despesas feitas pelos clubes e associação nas deslocações para os treinos que decorriam às segundas-feiras, das 21 às 22.30 horas, no pavilhão da Escola Secundária da Ribeira Grande, quem as minimiza destes gastos? Ficam pois desmoralizados estes jovens atletas…
 
Só se pensa em reduzir custos nas instalações desportivas dependentes do Serviço de Desporto de São Miguel, que são a maioria, para jogos: “reduzindo para meia hora antes das competições locais e uma hora antes das competições Regionais e Nacionais”, - SIC, não aceites pelos clubes que querem levar a sério as provas, pois não estamos a galhofar os jogos. Até já temos um pavilhão com falta de luz (cinco lâmpadas fundidas) onde se realiza provas de 1ª divisão nacional, conforme reportagem da RTP- Açores.
 
Temos dar meios aos clubes que apostam na competição informal encaminhando para programas tipo “Açor Activos”, mas para a competição no seio associativo e os critérios de apoio deveriam ser mais rigorosos, obrigando que estes realizassem na sua ilha provas com o mínimo de três equipas do mesmo escalão por um período de tempo considerável, o que não acontece por estes Açores fora.

É urgente pensarmos nisto... e reunir com os agentes desportivos do Futsal, para se analisar os tempos que correm e pensar no futuro da modalidade.

Termino este meu artigo com um “dito” do povo “sei que as críticas não me abalam, os elogios não me iludem, sou o que sou e não o que dizem”.
 
Março de 2013