domingo, 20 de outubro de 2013

FUTSAL JUNIORES: OPERÁRIO SAIU DE VILA FRANCA COM ESCOLTA POLICIAL APÓS CENAS DE PANCADARIA

Ao final da tarde de ontem decorreu mais uma jornada do Campeonato de São Miguel, no escalão de juniores em futsal masculinos, no Pavilhão Multiusos, em Vila Franca do Campo. As duas formações que se encontraram no recinto de jogo foram o Escolar de Vila Franca do Campo e o Clube Operário Desportivo. E o que parecia mais um encontro pacífico de futsal terminou antes do tempo regulamentar, com o árbitro a dar por terminado o jogo a 10 minutos do final, por falta de atletas do Operário em campo, conforme está escrito no relatório do árbitro.
 
                                                     Foto: cevfc
Na primeira parte do jogo, e nas palavras de Vítor Santos, existiram alguns incidentes, pois “por cima do banco de suplentes, os adeptos do Escolar, arremessaram garrafas de água, vários objectos e frequentes cuspidelas”. Como não existia policiamento (e não é obrigatório existir), o treinador do Operário, queixou-se ao árbitro da partida e alguns adeptos foram retirados do local. O jogo prosseguiu e o intervalo chegou com uma igualdade a dois golos no marcador.
A parte complementar trouxe consigo cenas lamentáveis e muitos distúrbios que envergonham o futsal. De acordo com Vítor Santos, o banco de suplentes voltou a ser bombardeado com garrafas de água e muitas cuspidelas, algumas das quais caíram na cara dos atletas do Operário. E foi numa dessas situações que o júnior do Operário Diogo Santos sentiu uma cuspidela na própria cara e, instintivamente, pegou numa garrafa de água e arremessou-a para os presumíveis “desordeiros”. Acontece que a garrafa bateu directamente no corpo de uma jovem que nada tinha a ver com a situação e o árbitro da partida deu ordem de expulsão a Diogo Santos. Neste momento, o atleta é então rodeado, a caminho dos balneários, pelos adeptos da casa, e alegadamente agrediram-no de tal forma que chegou a perder os sentidos. Naquele instante os seus colegas suplentes ao aperceberem-se do que se passava correram todos em seu auxílio e igual atitude tiveram os atletas que se encontravam a jogar no campo. O árbitro ficou sem atletas do Operário em campo, e dado que a situação se estava a passar fora de campo, deu por terminado o encontro, alegando no relatório que a vitória era dos locais por abandono do terreno de jogo dos visitantes. Aliás de salientar que o Clube Escolar nessa altura vencia o Operário por 5-3.
Vítor Santos referiu à nossa reportagem que nunca tinha visto nada assim em toda a sua vida de desportista e treinador. “Não acredito que cenas como estas possam acontecer. Atletas e adeptos do Clube Escolar a baterem num atleta. Como é possível que este clube de Vila Franca continue, jogo após jogo, a ter atitudes destas e ninguém faz nada. É triste e humilhante ter que sair de Vila Franca escoltado por carros da PSP, e depois os adeptos cuspirem na cara dos meus atletas. Isto não é normal, e muito menos civilizado. Nunca vi tal coisa em toda a minha vida e como é possível que o Escolar continue impune e ninguém lhes toca. Porquê?”.
Do lado do Clube Escolar de Vila Franca ouvimos Carlos Arruda, presidente da colectividade que afirmou que "não chegou a existir cenas de violência com os seus atletas e que isso pode ser comprovado”. Contudo, lamentou o sucedido pois “a modalidade, o nosso clube e a nossa Vila ficam mal vistos por algo que não fizemos, apesar de nos acusarem indevidamente. Sinto tristeza porque a vivência desportiva de Vítor Santos tem-se pautado sempre por situações semelhantes e esta foi mais uma. Estou desapontado e triste, por aquilo que aqui se passou, mas o Clube nada teve a ver com isso. E o que existiu terá sido com meia dúzia de adeptos que não controlamos nem somos responsáveis pelos seus comportamentos. Nós mantivemo-nos em campo e o banco de suplentes também não se mexeu. Ficámos quietos à espera da decisão do árbitro”.
Igualmente o Professor Nuno Martins, técnico dos juniores disse que de facto nada tinha acontecido, e acrescentou que “Vítor Santos teve sorte pois naquela hora não estavam no Pavilhão alguns adeptos que fervem em pouca água, porque ai sim, a violência poderia existir, e então iria repetir-se o que já se passou com ele há dois anos na Maia”. E Nuno Martins referiu que um seu atleta foi agredido por Vítor Santos em pleno campo com uma cabeçada, e por essa razão o jogador foi à esquadra da PSP local.
Nuno Martins declarou não entender a “necessidade de tanta polícia para escoltar o Operário até à Lagoa. Pareciam uma equipa da 1ª divisão a sair daqui, cheios de Policia, quando nós não tocamos em ninguém, nem maltratamos ninguém. Nós é que ainda fomos ameaçados, por Vítor Santos, pelo que vamos ponderar se iremos comparecer no jogo da 2.ª volta em casa do Operário.
Contactada a PSP, na pessoa do oficial de dia, Comissário Aguiar, foi confirmada a existência de uma situação anómala no Pavilhão Multiusos, em Vila Franca do Campo. De facto, dois agentes da esquadra de Vila Franca do Campo seguiram para o local dos “desacatos”, mas foi necessário solicitar reforços à Esquadra da Lagoa, tendo sido identificadas algumas pessoas, sem que existissem detenções ou feridos.     
 
Mário Nunes (jornalista)