sexta-feira, 29 de novembro de 2013

OPINIÃO: AS INSTALAÇÕES DESPORTIVAS QUE TEMOS PASSADOS 10 ANOS NO FUTSAL

Por José Araújo,
Já lá vão quase uma década de anos de que fui convidado a fazer parte do elenco directivo da Associação de Futebol de Ponta Delgada a convite do meu amigo Luís Pacheco. Na altura tive como objectivo o lançamento do futsal nas Ilhas de São Miguel e Santa Maria. Com a colaboração de todos os meus colegas de então, direcção foi conseguido o objectivo, do qual me propus. Os sócios aderiram à nova modalidade e outros filiaram-se na AFPD para jogar a nível federado.
Foram feitos os primeiros cursos de treinadores, sempre muito participados, com a presença de formadores de renome a nível nacional, que se deslocaram a esta ilha com o objectivo engrandecer a modalidade que dava os primeiros passos nos Açores.
À medida que o futsal dava passos largos na sua evolução, o treino foi-se desenvolvendo e foi ministrado em São Miguel inúmeros cursos de treinadores de nível I, e o primeiro de nível II, na Região Autónoma dos Açores e Madeira, dado o bom número de técnicos já formados pela AFPD.
Não podia deixar de referir também que o Sport Lagoa e Benfica foi o primeiro clube da AFPD a participar nas provas nacionais e conseguiu com a equipa de seniores a entrada na 3ª Divisão Nacional, na época 2005-2006, num dos principais campeonatos de Portugal de futsal, com o apoio do Governo Regional dos Açores, passando este clube a representar os Açores.
Foi na época 2007/2008, que o futsal e com a ajuda dos clubes da ilha de Santa Maria é que começaram a participar na expansão da modalidade. E foi uma realidade a participação de três equipas seniores e de seis de formação, bem como a formação de árbitros e 16 treinadores, pois estas foram as prioridades imediatas. Com a deslocação para esta ilha de São Miguel, por imposição profissional, o quadro de arbitragem da AFPD teve um árbitro de futsal de 1ª Categoria Nacional, de seu nome Armando Carriço, vindo da AF de Setúbal.
Com o passar dos anos o futsal atingiu patamares a nível nacional nunca atingidos por nenhum clube açoriano com a participação do Clube Operário Desportivo na 1ª divisão de futsal nas épocas 2011/2012 e 2012/2013.
E foi na época 2011-2012 que surgiu a série Açores com dez clubes, oriundos das três Associações dos Açores.
 
Sobre os progressos que a modalidade nos trouxe não temos dúvidas de que algo mudou para melhor, mas é preciso que os atletas micaelenses tenham outra mentalidade desportiva, pois só assim se evoluiu em termos individuais e colectivos.
Falar do esforço que o Parque Desportivo de São Miguel faz para disponibilizar as referidas instalações é por si só de louvar, pois no início começou por disponibilizar no primeiro ano cerca de 17 horas, e hoje já devemos estar em mais de 50 horas semanais.
Depois desta breve resenha da modalidade que só não se expande mais talvez por falta de pavilhões, para a prática do treino e jogos. Se não atente-se, temos clubes em São Miguel que na mesma hora de treino dividem o pavilhão a meio com dois escalões diferentes. Será isto que se quer? E muitas vezes percorrendo muitos quilómetros por não haver infra-estruturas na sua área para a prática desportiva.
Nas Capelas e no pavilhão da escola local deve ser onde se realizam mais jogos, fruto do desenvolvimento do futsal na costa norte da ilha de São Miguel. A exemplo do mapa de campos da AFPD, neste pavilhão realizam-se seis jogos num só dia com femininos pelo meio, com dois balneários e sem condições para tanto. Há fins-de-semana que ao terceiro jogo já há atrasos de meia hora. Podia haver mais atrasados se fossem cumpridos os tempos do aquecimento e do intervalo, assim estamos contrariar o que está regulamentado.
Na minha opinião os jogos de juniores masculinos e de seniores femininos deviam ser realizados noutro pavilhão, mas onde? questiono eu.
Na Ribeira Grande e em Ponta Delgada, ou temos de construir ou cobrir o polidesportivo daquela localidade junto da escola do 1º ciclo, que já esta recomendado na carta desportiva de instalações desportivas e não avançou talvez por questões políticas. Para os lados da freguesia dos Remédios já está em curso a remodelação e cobertura de um polidesportivo o que vá remediar na realização dos jogos de formação.
Para janeiro vá dar-se o início do último ano da série Açores, e o Capelense lá vai jogar para a Ribeira Grande porque na sua freguesia não tem uma instalação condigna para jogar. Com tudo isto quem sai “prejudicado” é o clube que tem maiores dispêndios financeiros com as deslocações para treino e jogos.
Os actuais pavilhões precisam de ser remodelados pois o estado de degradação é já notório. Será por “escassez de verbas”, pois há cerca de dois anos que no pavilhão da escola secundária da Lagoa, onde o Operário realiza os seus jogos a nível nacional têm seis lâmpadas fundidas provocando zonas escuras na área de jogo prejudicando quem vá lá trabalhar.
Lembro-me dos primeiros anos na direcção da Associação, que foi feito o levantamento dos campos de futebol “pelados” para o arrelvamento sintético para se candidatar as verbas do fundo europeu. Objectivo este que foi conseguido com a insistência da direção da AFPD, da qual eu que fazia parte, com a colaboração dos demais colegas, munícipes e Governo Regional.
E agora, porque é que não faz o mesmo? Será da crise, da troika? A vida continua, e as outras associações de modalidade, será que estão a fazer alguma coisa para o progresso do desporto, aguardamos por melhores dias.
José Araújo - Novembro 2013