quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

MARIENSE OCTÁVIO MELO É UM CAMPEÃO DE ULTRA TRAIL NOS AÇORES E NO MUNDO…

REPORTAGEM
 
Octávio Melo tem 36 anos de idade. É natural da Ilha de Santa Maria e, actualmente, reside nas Lajes do Pico, desenvolvendo funções laborais na Ilha do Faial, mais precisamente na cidade da Horta, onde é militar da GNR, e é, sem dúvida, mais um caso de sucesso comprovado no mundo do atletismo.
 
Iniciou-se desde muito cedo na prática no atletismo, tendo palmilhado as suas primeiras corridas na década de 80, nas provas populares de estrada. Aliás, o gosto pela modalidade era tão grande, que o nosso interlocutor fez questão de guardar registos fotográficos de 1984, naquela que foi a sua primeira participação oficial.

Mais tarde, com a chegada à Ilha do Faial, em 2002, começou a encarar mais a sério a prática do atletismo, encontrando-se entretanto já federado no Clube Independente Ilha Azul (CIAIA), onde permaneceu até 2011. Durante este período, desempenhou funções de atleta, mas também de técnico do escalão de seniores do seu clube, onde foi arrecadando títulos atrás de títulos. “Não me esqueço que nesse período de tempo, fomos no escalão de seniores (colectivamente) várias vezes campeões regionais de atletismo”.
 
A nível individual, nesses mesmo período, foi três vezes consecutivas campeão associativo de corta mato na Ilha do Faial, tendo participado por duas vezes nos nacionais. Alcançou ainda muitos outros títulos, nomeadamente o de campeão de estrada, tendo participado ainda no nacional de estrada e nacional de maratona. E com muita garra, os títulos foram surgindo de forma natural, um pouco por diversas ilhas açorianas.

Gradualmente, o atletismo levou-o mais longe. Participou nas maratonas do Porto e Lisboa, e no estrangeiro, em representação do CIAIA, entrou na maratona de Paris e na “Run to the Rock” na costa leste dos Estados Unidos da América.
 
Este atleta é um homem com um grande coração, pois as causas sociais não são esquecidas, e por isso já o levaram a correr em 2003, cerca de 56 kms na Ilha do Pico, com o intuito de ajudar crianças com deficiência.
 
PRIMEIRO AÇORIANO APURADO
PARA O ULTRA TRAIL MONT BLANC

No ano de 2011, decidiu alterar um pouco o rumo da sua vida desportiva. Iniciou-se no Ultra trail, modalidade actualmente em grande expansão nacional, realizando várias provas pelo território nacional, todas acima da distância da maratona, tais como a Ultra Nocturna de Óbidos (50 Kms), por duas vezes (2011 e 2013), entre tantas outras onde se destacam a prova de Serra de S. Mamede com 100 kms de extensão. Também atravessou fronteiras no Ultra trail, e passou pelo maior evento mundial do género que decorre em três países, França, Itália e Suíça, denominado de Ultra Trail Mont Blanc.
 
Aliás, em onze anos de existência deste evento mundial, Octávio Melo foi o primeiro açoriano a conseguir o apuramento através de pontuação para uma das três provas que compõem o evento mundial em 2013, participando na C.C.C de 101 km que liga Itália-Suíça e França, onde foram apurados cerca de 60 atletas nacionais entre cerca de 6.000 de todo o mundo. A este propósito, na última época, em representação da Associação Desportiva o Mundo da Corrida (Lisboa) participou no Circuito Nacional de Ultra Trail tendo conseguido ser finalista no mesmo ao terminar três das provas do circuito, obtendo a classificação de 28º lugar no escalão de seniores, 58º lugar na geral no final da época, e ganhando o título nacional por equipas.

A nível regional a sua participação não é vasta, até porque a modalidade ainda não está muito em voga. Mas mesmo assim, o nosso interlocutor participou na única prova de trail oficial nos Açores, denominada de “10 Vulcões” com 20 km de extensão na Ilha do Faial, classificando-se, este ano, em terceiro lugar da geral.

O Ultra Trail é uma modalidade que exige muito treino físico mas também psicológico, pois exige muita energia do atleta, para ultrapassar as várias adversidades que encontra pela frente. A título de exemplo, Octávio Melo referiu que a sua média em prova ronda as oito horas, onde existem desníveis verticais entre trilhos e montanhas. E como exemplo do desgaste desta prova, o atleta referiu que já subiu ao cume da montanha do Pico, em treino, este ano, nove vezes, como ainda atravessou de costa a costa a Ilha do Pico por duas vezes.
 
“Espero que com a minha participação, quer nos eventos nacionais quer no mundial, tenha aberto a porta da modalidade aos açorianos. Por outro lado, espero tentar organizar eventos que tragam atletas às nossas ilhas, que têm trilhos fantásticos para a prática da modalidade”.
 
 
Mário Nunes
Jornalista