A competição no contexto da aprendizagem
significa normalmente uma motivação maior para o aluno seguir, melhorando a
técnica, tanto no kumite como no kata. A competição tem dois objectivos: um é
estimular a aquisição da técnica e o outro é simplesmente manter o interesse do
aluno e evitar o "aborrecimento".

No entanto, se o treino é feito sempre com
alguém superior, dificilmente se conseguirá aplicar ou repetir o movimento
técnico proposto, pois o atleta de nível superior não o permitirá. Se por um
lado o praticante de nível técnico inferior pode obter vantagens, como melhorar
a sua defesa, resistência e garra. Por outro lado, nunca vai conseguir melhorar
a sua técnica de aplicação. O atleta de nível superior quando treina com um
inferior às vezes deixa de aplicar alguns golpes, logo isto não é aprendizagem.
Para melhorar a técnica o aluno deve praticar com companheiros de nível
inferior ou igual a ele, pois somente desta forma poderá repetir a sua técnica
o suficiente para melhorá-la.
Cabe ao professor fazer entender aos alunos
que o jyu-kumite ou kumite esportivo (com regras), nada mais é que uma forma de
estudo das aplicações técnicas e tácticas do karatê, e não um movimento de
fúria selvagem. A diversão também é de muita importância na aprendizagem, pois
para que se tenha um óptimo nível de aprendizagem, deve-se ter diversão em seu
processo.
Em algumas academias (dojôs)
torna-se difícil entender o porquê das pessoas praticarem karatê, uma vez em
que todos estão com a “cara fechada” e o ambiente é depressivo. Naturalmente
que deve haver tranquilidade, produto do esforço e concentração, porém isso não
significa que deve existir desânimo.
O jogo e a brincadeira têm
um papel importante na aprendizagem do homem. A teoria da catarse diz: “O jogo
é catártico em sua acção, isto é, facilita uma saída a certos instintos e
emoções reprimidas que não podem encontrar uma expressão directa suficiente,
nem na infância e nem na vida adulta”.
Na vida civilizada, o instinto de
agressividade, por exemplo, não encontra um campo de acção suficiente, pois
somos lutadores por natureza e é por isso que o homem civilizado luta no jogo.
Desta forma, qualquer jogo é
um simulacro de combate em que não tem derramamento de sangue, mas sem dúvida
se liberta a energia deste instinto ao promover um canal para a sua expressão.
Sensei António Melo